segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Veni

Primeiramente queria desculpar-me pela minha ausência deste espaço que, progressivamente tenho vindo a chamar de meu; mas, por vezes, o silêncio é a melhor arma contra os pensamentos que não desejamos serem nossos.

Retornei para dizer que passei um dia fantástico com a minha moto4... acordei cedo, equipei-me a rigor e parti para um dia à aventura com mais uns quantos malucos como eu. Foi purificante.

Estou fisicamente de rastos mas com espírito profundamente revigorado.

Obrigado a todos!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Medo

Tenho medo
Daquele silêncio inquisidor
Que me visita nas horas negras do dia
Aquele que me diz vai e não olhes para trás
Aquele que me apunhala com apetite voraz.

Tenho medo
Tenho medo de ti
Das horas que me assolas o pensamento
Dos sonhos que me atormentas
Do amor, do sofrimento.

Tenho medo
Daquela voz que oiço quando escurece
E clama por um simples olhar
Olhar falador, onde estás?
Gostava de te encontrar...

Tenho medo
Tenho medo de ti
Tenho medo de mim.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Br(eu)


As lágrimas escorrem-lhe pela face enquanto segura um cálice de sentimentos, e sente a vida a fugir-lhe por entre as linhas do destino. Assiste, petrificado, enquanto o desespero penetra nos caminhos da sua alma.

Olha para o céu; sorri, um sorriso soturno, e vê aqueles olhos, as estrelas que sempre guiaram os seus passos nas noites em que o crepúsculo mais sombrio teimava em fazer-lhe companhia, brilhar.

O cálice agora vazio, veste-se de agonia, enquanto o apoio se afrouxa e se despedaça num poço silencioso.

Olha para o céu,
Olha para o céu
E sorri,
Sorri de dor.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

...mudei

Meses de dor, meses de sofrimento.


Cresci
(num rodopio de amor e desespero)

Sou uma pessoa nova
num invólucro desfigurado

Com vergonha do que foi
Com vergonha do que causou


Mudei.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Dias

Há dias que vislumbro a tua existência, apenas por um momento, no meio desta neblina profunda, mas há outros que parece que o coração me foi arrancado, aquele em que tu tocaste, e deambulo sem sentido pelas vielas da vida, quiçá à procura de te ver e, ao mesmo tempo, na esperança de não te encontrar.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

"Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol."

"Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol."


A sabedoria oriental, os provérbios chineses, a perseverança japonesa, a cultura do Sol nascente sempre me atraíram de uma maneira ímpar, a verdade é que tais palavras murmuram o seu conhecimento e ajudam-me a crescer, a encontrar obstáculos e ver que até nem são intransponíveis.

domingo, 30 de agosto de 2009

Incontornável


"Há três coisas que jamais voltam: a flecha lançada, a palavra dita e a oportunidade perdida."


Pintura: Salvador Dali

sábado, 29 de agosto de 2009

Stand by Me

Queria partilhar convosco um vídeo simplesmente extraordinário de um movimento não menos fantástico: Playing for Change, que prega a paz no mundo através da música, estreitando as barreiras entre culturas, países, pessoas, personalidades; é, indubitavelmente, um daqueles vídeos que não cansa assistir.

Como diz o Roger Ridley esta música (Stand by Me) transmite que independentemente da individualidade de uma pessoa, de onde ela vá e o que faça da sua vida, existirão, inevitavelmente, momentos nos quais precisará de alguém para estar com ela, para lhe responder ao sorriso, para lhe dar um ombro e um coração...

Nada mais sábio...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Crónicas II

Quando uma nuvem passou por cima de si, os seus olhos esbugalhados viajaram naquela massa de algodão e sentiu o seu corpo elevar-se no céu em direcção ao que, tantas vezes, tinha sonhado.
Olhou para o relógio e testemunhou o leve abrandamento dos ponteiros até que num dado momento pararam completamente; olhou em volta, as suas vizinhas de formas extravagantes não se moviam, mas o vento continuava a ondular o seu cabelo e as asas da magia branca batiam como águias aladas perscrutando, do majestoso planalto, todo o mundo inferior.

Era como se ele fosse só seu, como se ele fosse aquele olhar, como se de um momento para o outro, a vida à sua volta se tivesse extinguido e apenas ele continuasse vivo, num quadro petrificado de universalidade.
Estendeu as mãos, olhou para os calos, analisou as pequenas cicatrizes que lhe decoravam a pele e, tal epifânia divina, percebeu que quem estava parado era ele, que as formigas continuavam a abastecer-se, que as aves continuavam a planar, mas que ele, homem, apenas e só homem, estava estacado, estagnado num enorme vórtex de inaptidão.
O sonho não se tinha tornado realidade, era uma máscara de uma fantasia bem distinta, mas que não deixava de o atormentar, tão sorrateiramente quanto um felino, todos os dias da sua existência.
Tinha chegado ao derradeiro momento, momento esse que lhe iria pautar o caminho a seguir, o da perdição ou o da salvação. Qual iria ele escolher? Facilidade ou felicidade?
Sentou-se por entre a neblina que lhe ocupava a mente e reflectiu até chegar a uma resolução, que irremediavelmente era definitiva.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Hoje

...sentei-me na poltrona para escrever mas nada saiu... o oxigénio à minha volta extinguiu-se, as palavras esvoaçaram livremente pela atmosfera sombria que me circundava, e a voz, cautelosa, não se deixou ouvir...

Triste, remeti-me ao calor do silêncio.

domingo, 2 de agosto de 2009

Sangue Sangue

...Sangue
Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Getúlio Vargas, suicidou
Nietzsche, enlouqueceu
E eu não vou nada bem.
Não vou nada bem.


Uma visita ao Humilde Aprendiz fez-me relembrar este grande espectáculo protagonizado pelos extraordinários Seu Jorge e Ana Carolina.

A música chama-se Chatterton e é caso p'ra dizer puta que pariu que eu não vou nada bem!

Blog Maneiro


Obrigado Carla - Meus Apontamentos!

Ofereço o selo a todos os que o quiserem levar.

sábado, 1 de agosto de 2009

Rebento de Amor



Em tempos esquecidos, num pequeno lugar nas montanhas surge uma força, um amor recém nascido que, nas encostas virgens, abre caminho para algo belo e completamente novo na sua eterna existência, algo fascinante...
Os seres mais antigos dessa paisagem angelical observam atentamente aquele pequeno rebento surgir, vêem-no crescer, tentar chegar ao céu, tentar ser iluminado pela vida, num constante reboliço de emoções.
O pequeno espírito quer perdurar no futuro, sem perder as suas raízes, sem esquecer por aquilo que passou, sem esquecer os medos que sentiu, as secas que sofreu, o frio que lhe enregelou o coração, sem esquecer... a metade que o completou.
Sente a vida fluir dentro de si, sente as folhas respirar num borbulhante ciclo de processos cativos e vitais, sente, acima de tudo o resto, sente o sentimento...
Aquele sentimento que o fez nascer, irromper do solo num impulso inusitado, com vontade de perdurar, de ter em si um propósito por si mesmo, de viver à margem de todos os anciãos ali presentes sem estar, no entanto, fora do eterno ecossistema verdejante.
Tenta ser alguém com alguém dentro de si próprio, tenta ser um organismo simbiótico, tenta viver e conseguir aquilo que sempre quis... ver o céu...
Apesar de todas as decisões erradas, todos os caminhos falhados, ele quer ver o céu, porque sabe que quando lá chegar tudo será diferente, todas as raízes farão sentido, todas as folhas e ramos terão morrido por uma boa causa, pelo desejo de ver um céu claro e cuja beleza lhe encha o coração sombrio.
Nessa altura deixará de ser um rebento e tornar-se-a uma força da natureza que perdurará eternamente, erguendo-se orgulhosamente nas encostas da vida...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Crónicas I

Sob aquele céu cor de sangue ela sentia a pele quebrar, arder num calor abrasador que teimava em impor a sua vontade a todos que se aventurassem dentro do seu raio de acção, olhando para todos os lados questionava-se onde estava e qual a razão de tamanha paisagem infernal, mas não obtinha resposta.
Fosse por malvadez do destino ou por infeliz coincidência, o certo é que ela se encontrava ali, prostrada aos pés do césar do planeta que a torturava sem dó nem piedade. Estava só num mundo de colossos...
Confrontou a fonte daquela escravidão de frente, apenas para afirmar que não sairia dali vencida, pelo menos não sem lutar, não sem gritar que queria viver, contudo mais tarde viria a perceber o quão inconsequente tinha sido este pensamento.
Num mar de areia sentia-se afundar cada vez mais, ouvia no seu íntimo o desespero que a assolava. Não sabia porque estava ali, tentava lembrar-se do que tinha acontecido, mas tudo não passava de uma tela em branco.
Decidiu então tentar afastar-se daquele inimigo e caminhando em direcção contrária, absorta nos seus mais profundos pensamentos, até que, de repente, viu uma figura junto de uma rocha à altura do horizonte. Estarrecida, tentou identificar aquela figura mas esta estava longe demais, por isso correu e correu até que, perdida na sua respiração, ouviu um barulho gorgolejante, tal sibilar de serpente, muito próximo de si; estacou diante de uma forma que nunca tinha visto e que provocou imediatamente um temor de morte. Não sabia o que fazer, as pernas não lhe obedeciam, o seu olhar emanava medo e aquele ser percebeu-o, focou aquele olhar mortificante na mulher indefesa e avançou determinado, rumo ao que assumia ser uma refeição fácil.

domingo, 26 de julho de 2009

Rainbow

Porque a vida não é só desespero
Porque a vida não é só incerteza
Porque a vida não é só dor



Se nos propusermos a ver a beleza do mundo ela está lá à espera que lhe pisquemos o olho...


É isso que o Israel Kamakawiwo'Ole, ou simplesmente IZ, nos ensina mesmo que seja postumamente... a olhar a vida de frente, sem vergonha de chorar quer de alegria quer de tristeza, mas sempre com um sorriso para o mundo...

sábado, 25 de julho de 2009

Saudade

Hoje senti aquela saudade que encosta o coração contra uma parede repleta de espigões malditos e comprime o espírito de tal maneira que só apetece chorar por não ver o teu sorriso... há tanto tempo que não vejo o teu sorriso... há tanto tempo que tu não vês o meu sorriso...

Deixá-mo-nos cair num poço, numa semelhança atroz com o abstracto bizarro de Murakami que, no entanto, nada tem de metafórico...

Torná-mo-nos sombras de tudo aquilo que fomos, de tudo aquilo que jurámos ser e olhamos um para o outro sem nos vermos verdadeiramente, mas quando o nosso olhar se encontra vê-se a amizade, vê-se a vontade reprimida de sorrir, vê-se o amor, vê-se o amor...


Eu vou continuar a acreditar que existe uma corda de sentimento, de cumplicidade, que nos puxará para o Sol que nos aqueceu durante tanto tempo, tempo que pensámos eterno, tempo que ainda sei poder ser eterno... espero estar certo... mas se não estiver, pelo menos sei que lutei por ti, que lutei por nós, que lutei pela beleza que já vimos ser possível, que lutei pelo nosso amor.


Amo-te

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Livros

Acabaram de chegar:



















terça-feira, 21 de julho de 2009

Providência

A vida dá voltas e voltas, acabando por regressar a um pequeno trilho que inevitavelmente leva aos mesmos erros de sempre, cometidos vezes e vezes sem conta, mesmo quando não temos noção daquilo que fazemos. Será mesmo assim? Seremos nós meras marionetas no interminável vazio do Universo ou, pelo contrário, podemos fazer a diferença?


Pode um Homem mudar o seu destino?
Um Homem faz o que pode até que o seu destino lhe seja revelado.

Acredito que temos um caminho relativamente predefinido, que temos as nossas opções, as nossas escolhas, mas que todas levam a essa tal rota pessoal.

Confesso que ainda não encontrei o meu destino, tive passos iluminados de certezas, tive espelhos manchados de sangue disfarçados de pesadelos, tive ruas desertas onde não consegui entrar, tive bilhetes para a vida e rasguei-os descontraidamente sob o olhar atento da lua cheia, mas nunca perdi a convicção de que há algo reservado para mim.

Eu navegarei ao sabor do vento e confiarei na Providência...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

sábado, 18 de julho de 2009

Horizonte

Há coisas na vida que são inevitáveis, que apesar de passar anos a lutar, elas teimam em aparecer diante de nós, como uma tempestade que cobre o mundo de negro e o vestido luminoso se transforma no mais assustador negrume imaginável.

Para lá caminho, dou pequenos passos reticentes em direcção aos escombros, com uma esperança singela de não ser tragado pela areia movediça que me assombra.

O coração que parecia florir para a eternidade, estava sim devastado pelos pequenos e simples devaneios que um ser humano desenha no horizonte; horizonte que não tem anjos, esses fugiram e não deixaram cartão, horizonte que não tem flores, essas perderam-se e tornaram-se banais, horizonte que não tem mais luz, luz que foi devorada pelos fantasmas...

Não tenho mais horizonte mas estou repleto de fantasmas...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sorriso de "Bichocarpinteiro"

Queria agradecer à Austeriana pela simpática oferta... Obrigado!




7 coisas que gosto de fazer:
  • Ler
  • Desporto
  • Cinema
  • Montar na moto e expirar os problemas (faz maravilhas)
  • Sentir o vento na face e sentir-me à deriva no seu poder
  • Ir a uma boa discoteca/bar e dançar com a minha mais que tudo (apesar de não saber dançar)
  • Conviver e dar uma boa gargalhada
7 coisas sobre música:
  • Amor
  • Saudade
  • Tristeza
  • Metallica
  • Alter Bridge
  • Michael Bublé
  • Jamie Cullum
7 coisas sobre televisão e cinema:
  • Senhor dos Anéis
  • Moulin Rouge
  • Orgulho e Preconceito
  • Fringe
  • Lost
  • Sobrenatural
  • Anime
7 coisas sobre países que gostaria de conhecer melhor:
  • Japão
  • Cuba
  • Nova Zelândia
  • Egipto
  • Austrália
  • Galápagos
  • Rússia
7 coisas sobre cores favoritas:
  • Vermelho
  • Preto
  • Branco
  • Amarelo
  • Calor
  • Sangue
  • Paixão
7 coisas sobre hobbies:
  • Desporto
  • Cantar (em casa e na maioria das vezes sozinho)
  • Ler
  • Televisão
  • Motocross
  • Puzzles
  • Jogos
7 blogues que me fazem sorrir:

sábado, 11 de julho de 2009

Amor

Sempre acreditei que o amor é magnânimo...

Sempre acreditei que o amor é vida...


Não quero deixar de acreditar...

Não vou deixar de acreditar...


Não deixes o meu coração cair-te das mãos...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Análise Literária I: Orgulho e Preconceito

Vou iniciar uma espécie de senda literária, onde pretendo analisar de uma maneira pouca profunda e, no entanto, abrangente os livros que vou lendo.

Irei emitir a minha opinião sobre os mesmos, na esperança de que a minha paixão pela literatura ajude alguém a interessar-se pela leitura e mais concretamente pelos livros que subjectivamente criticarei.

Assim começo por aquele que considero uma das obras primas do romance clássico e uma das minhas leituras preferidas:

Orgulho e Preconceito
de Jane Austen

Jane Austen escreveu este ímpar romance antes de completar 21 anos, entre 1796 e 1797 (os mesmos 21 anos que me envelhecem sem ter feito nada de extraordinário), foi a sua segunda obra publicada e a mais aclamada pelo público. É a jóia da coroa de uma colecção de pedras preciosas à espera de serem apreciadas, jóia essa moldada tão cedo na sua vida. É impressionante.

Inicialmente chamado First Impressions, viria depois a tomar o nome que todos conhecemos hoje em dia e que figura entre os Grandes Clássicos da literatura.

Orgulho e Preconceito retrata a vida em sociedade do século XIX, repleta de interesses e julgamentos de conveniência, contudo contrastando-a com uma rara, neste caso duas, amostras de afeição terna, sincera e verdadeira, capaz de ultrapassar valores plantados intrinsecamente nas fundações da comunidade. Estas verosímeis relações são como o clímax de todo um relato cuidado, próprio da época, aliando-se intimamente a escândalos e prevaricações, ainda hoje profundamente punitivas.

Devo dizer que quando decidi ler este livro, apesar de saber que fazia parte de um restrito grupo recheado de talento, não tinha grandes expectativas.

A verdade é que ao longo das primeiras páginas senti-me puxado para o meio das palavras tão cuidadosamente desenhadas e dei por mim lendo linha após linha, virando folhas e folhas num frenesim de interesse raramente experimentado por mim.

Com o desenrolar da acção fui-me sentindo cada vez mais intimamente ligado às personagens, observando com atenção e profunda devoção os seus comportamentos várias vezes inapropriados e outras tantas inesperados.

Eu costumo dizer que um bom livro é aquele que nos prende a atenção, mas um excelente livro - uma obra prima - é aquele em que à medida que lemos, acompanhamos as personagens no seu sofrimento, na sua felicidade, rimos com elas, choramos com elas, amamos com elas.

Eu ri-me desalmadamente, havia partes que dava por mim completamente absorto na leitura e rindo-me a plenos pulmões, outras havia que de tal intensidade com que sentia o enredo as lágrimas vinham-me aos olhos. Isto, para mim, e a minha opinião vale o que vale, é uma obra prima.

Deixo de lado a construção frásica, a capacidade estilistíca do autor, até excluo a consistência da obra, pois aquilo que visivelmente torna um manuscrito digno de menção é a capacidade de mexer com o nosso íntimo, aquele desejo explosivo que, na sua essência, quer a todo o custo, fazer parte do mundo, do amor, do prazer e até da tristeza que as palavras nos falam.

Jane Austen consegue isso na perfeição, é dos poucos livros em que me senti completamente inserido, avidamente absorvido na história e gritava poder renascer naquele pergaminho.


Nota: "Deixo de lado a construção frásica, a capacidade estilistíca do autor, até excluo a consistência da obra, pois aquilo que visivelmente torna um manuscrito digno de menção é a capacidade de mexer com o nosso íntimo"

Não quero com isto diminuir a importância da língua, pois ela é o veículo que transporta a beleza das palavras, nem tão pouco afirmar que tudo o que um livro necessita para ser obra-prima é possuir a capacidade de mexer com o íntimo.

Pretendo sim testemunhar que para mim, um homem, que não se sente geralmente (nem pouco mais ou menos) inserido na história contada por inúmeros livros já lidos, este que o conseguiu merece a minha menção e, ainda mais, a sua capacidade para o fazer.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Reflexo

Vejo-me ao espelho e não gosto daquilo que vejo

Não sei no que me estou a tornar...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Michael Jackson

Não era da minha geração, nasci em 1988, não cheguei a apreciar verdadeiramente a grandeza deste artista.

Pop não é a minha música preferida, cheguei até a detestar qualquer música que se assemelhasse às batidas características deste estilo, mas após alguns anos orgulho-me de poder dizer que, independentemente disso, os discos giram e os sons voam para o meu canal auditivo e são apreciados pelo que realmente são: música que gosto e que sem ela não teria o mesmo brilho... aquela forma de comunicação universal que toda a gente entende (perdoem-me as pessoas surdas pela generalização) e que a maioria sente.

Michael Jackson é prova disso, não pelas suas excentricidades, não pelos seus problemas, não pela sua personalidade, mas devido ao seu enorme talento, que quer queiramos quer não, mudou o mundo e, acima de tudo, mudou a música; ele era o Rei do Pop.

É curioso como depois de morto a sua música, tal fénix do deserto, renasceu, catapultando-o para a imortalidade, mantendo-o para sempre jovem, como ele tanto desejava nos jardins da sua Neverland...

É sempre bonito quando as pessoas reconhecem os feitos de alguém e lhe atribuem certa importância na sua vida. Na minha não tinha muita, é verdade, mas sinto a infelicidade daqueles que vão sentir a sua falta.

Tudo o que disse é traduzido na perfeição pela música tributo Better on the Other Side.




[Diddy talking]
I remember the first time I seen you moonwalk,
I believed I could do anything,
you made the world dance,
you made the music come to life

[Chris brown - Chorus]
This the type of song that make the angels cry,
i look up in the sky and i wonder why?
why you had to go, go
I know its better on the other side,
you were chosen from the start
never gon’ let you go,



[The Game]
Who’s Michael Jackson,
You’re Michael Jackson,
I’m Michael Jackson,
We all Michael Jackson,
I guess what Im asking is everybody bow their head for a legend dont breathe for a second,
now let the air out, grab the hand of somebody you care about,
so you can hear my message, my confession,
someone tell Usher, I seen the moonwalk, I guess the young thriller touched him, like he touched me, like he touched you,
so carry on his legacy, something i must do, so i trust you lighting candles, concrete visuals, me and my brothers listen to Jackson 5 in the living room,
first thing i did when i heard was call Puff,
cos him and Mike tried to stop the beef between us,
who was us? Me and Fifty, that beef is dead, him and Mike Jackson gonna take us to the ledge.



[Chorus]



As I’m pouring out this liquor candles start to flicker,
when list (?) my air ones, MJ was my nier.
Not the one that play ball, the one with the Hollywood star,
and since I’m a Hollywood star Imma tell you my story,
never had a family that close, never see Barry Gordy walking through interscope,
just like me they always had Mike in a scope,
no matter what you say,
imma love him and hes still dope,
let me take you back to 85 when i was in a zone, dancing for my momma thriller jacket with all the zippers on,
now I’m doing 90 bout to crash in this Aston,
listening to Outcast, I’m sorry Mrs Jackson
anything I can ever do to better you your son was our king so we wont Coretta you,
I’m writing this letter to all the Jackson kids, we all Jackson kids, time to let us through.



[Chorus]



[Boys II Men]
This the kind of song that make the angels cry,
look up in the sky and ask God, why o why why
Do we live and let die
This the kind of song that make the angels cry,
look up in the sky and ask God, why o why why
Do we live and let, live and let die.

Descansa em paz Michael

segunda-feira, 29 de junho de 2009

domingo, 28 de junho de 2009

In the End

Porque às vezes é preciso ouvir o instrumental da vida...


sábado, 27 de junho de 2009

Novo começo

Dei comigo completamente parado de corpo e mente diante de uma escuridão acolhedora e, de repente, veio-me à memória as saudades que tinha de escrever aqui, de compartilhar os meus pensamentos, não utópicos nem tão pouco platónicos, mas os pensamentos da minha vida, aqueles que tenho vontade de gritar, aqueles que tenho vontade de sorrir, mas também aqueles que tenho vontade de chorar cá para fora.

Não sei exactamente qual a razão de ter parado de escrever, sei que o impulso para o fazer era nulo e isso foi mais forte que eu, infelizmente.

Talvez precisasse de uma pausa para arrumar as ideias no lugar, uma pausa de mim, uma pausa do mundo... parece-me que chegou a altura de regressar à civilização depois de uma estadia na sempre necessária ilha deserta...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Plus Ultra


Olhando pela janela vem-me à cabeça um sentimento cinzento, talvez influenciado pela constipação que me entope as entranhas mas que não me entorpece os dedos, que com o balançar das folhas e dos ramos das árvores se torna demasiadamente preponderante para eu o deixar fugir levitando pelo algodão do céu até aos confins do imaginário.

Ah o imaginário... pedaço do mais belo cetim bordado pelo mais talentoso espírito, ou pântano desenhado pelo mais hediondo carrasco histórico?

É tão difícil definir o abstracto, aquilo que não existe, e contudo toda a gente tenta e procura fazê-lo, tal juiz julgando casos da alma...


É um sentimento ténue e fugidio, mas que principalmente nestes dias me visita; talvez um caminho paralelo ao vento, um padrão encontrado na terra por entre a folhagem me possa guiar, para estar diante de algo inócuo, tal como eu.

Talvez o vácuo seja demasiado torpe para mim, ou eu demasiado torpe para o vácuo; o certo é que me mantenho num pedestal que não me pertence, rodeado de flores e nuvens de algodão, doces e rosadas...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Coração Uno


É por existirem dias como os de ontem, que me levanto de manhã, conduzo até à faculdade e me lanço nas caóticas palestras sobre químicas, desde orgânica a analítica e passando pelas física (um dia destes desenvolverei este assunto); é por saber que quando o pôr do sol chegar, estarei diante de ti, contemplando os raios da tua beleza.

Ontem foi um dia sincero, com muito ternura, com muita cumplicidade e muito amor, tudo numa única viagem de automóvel...

O dia lá fora está claro e fluorescente de vida, tal como eu, repleto de lembranças ternurentas e sentimentos verdadeiros!

Tal como duas gotas de água aprisionam duas flores que se completam, os nossos corações guardam o sonho de uma sublimação eternamente una.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Pode um Homem mudar o seu destino?



Um Homem faz o que pode até que o seu destino lhe seja revelado.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Amor Azul

Venho aqui, a este lugar
Que acolheu a minha infância
Onde aprendi a amar,
Onde o sonho foi real,
Honrar o passado
Ido mas nunca esquecido.

Lembro-me do sorriso do céu,
Azul, aquele céu azul
Que me tomava nos braços;
Que me tomava nos braços
E me enchia de calor.

Este céu não é mais azul,
Neste lugar, cheio de memórias
Onde o mundo foi perfeito
Restam apenas histórias,
E um amor,
Um amor perpétuo…

Saudades povoam o meu coração
Saudades da vida que passou,
Resta-me a memória do céu
Resta-me pensar que o amor
Nunca morreu…


Perder alguém é doloroso, doloroso demais, resta-me apenas recordar os bons momentos que passamos juntos, os sorrisos, até as discussões, pois tudo isto faz parte de uma vida passada, mas que continua presente no meu coração, onde consigo desenhar o seu gesto e tocar na sua alma...
As saudades apertam sempre que visito este lugar, mas gosto de o fazer para te manter comigo, para não perder um único traço que seja da tua personalidade, não quero arriscar esquece-lo.
Sei que me ouves e que estás a zelar por mim e isso deixa-me descansado por saber que estás numa planície verdejante até ao horizonte, onde a beleza impera e a felicidade abunda.
Não te encontrarei pois nunca te perdi, mas vovô, um dia, ver-te-ei de novo, sinto-o.
Um dia...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Terror


A fria madrugada ocupava o meu quarto,
Deitado na poltrona, um medo abate-se sobre mim,
Subitamente um andar, seco e pesado,
Ecoa no meu estrado,
Disse: Quem ousa perturbar o meu descanso?
Um bater leve na porta do meu quarto
Despertou o meu olhar e fez-me imaginar
No que deveria dizer, fazer,
Para poder enfrentar este terror elementar.

Outro bater, desta vez forte e poderoso,
Um terror cresce no meu retrato
Antagónico horror vigoroso,
Leva-me a murmurar: Quem está à porta do meu quarto?
Caro senhor desculpe o atraso,
Mas estava a viajar pelo imaginário.

Como um felino caminho em direcção à porta
Receosamente abro-a e vejo que não há ninguém,
Aliviado volto para o calor do meu quarto
E descanso como nunca desde o parto.

Fico assim, singular e perdido,
Na solidão eterna do meu quarto,
Não posso viver sorrindo,
Apenas posso morrer chorando.

Baseado no poema Raven de Edgar Alan Poe.

domingo, 15 de março de 2009

Poeta Trovador


Algo nele clama por saber,

Versos ecoam na sua mente

Sedenta de poder,

Controlam-no inexplicavelmente

Sem pudor, sem querer

Ele morre, aos poucos, ardentemente.


A sua jornada, do poeta trovador,

Começa no desconhecido,

Nos confins do mundo,

Veleja pela terra sem ter partido

Sem ter ainda embatido no fundo.


Um poço escuro, vazio,

Abraça-o com mil braços,

Torna-o subtil e veemente sombrio,

Indistinto fica a seu traço

Sob o nevoeiro frio.


À mercê dos gigantes que o envolvem

Tenta subir o degrau,

Elevar a sua vida e sonhar,

Escrever palavras belas no olhar,

Conseguir, através dos olhos falar.


A luz jaz no fundo,

Habita o mais recôndito recanto,

Escuridão que no seu pranto,

Cresce da superfície para o ser profundo.


Põe os teus braços à sua volta

Salva-me! Diz ele,

Acabai com a sua revolta

Deixai a paz habitar nele.


Ele clama, o poeta trovador,

Partículas ardentes de matéria

Inundai o seu coração,

Acabai com a sua dor

Renovai o oxigénio na sua artéria

Encarai o sonho com ardor.


O sonho do poeta trovador...


Pintura: Karoly Kisfaludy

sábado, 14 de março de 2009

Joyeux Anniversaire!


Hoje é o dia de uma pessoa muito especial na minha vida, a ela devo tudo o que sou e por ela qualquer gesto que tenha é pequeno...
Por isso a ti, Mamã, obrigado por existires!

Parabéns!


Deixo-te um pequeno poema, são apenas palavras, mas são o espelho da minha alma:

Sou feliz por te ter comigo,
Sou feliz por fazer parte do teu mundo,
Divina e atenciosa mamã
Penso em ti a cada segundo.

Diante desta paisagem
A vida é bela,
O sonho é real,
Por ti a natureza ganha vida e canta,
Canta para me acompanhar
Na melodia surreal,
Nas palavras de amar.

És tudo, tudo para mim,
Sem ti o céu perde a cor,
Sem ti o Sol perde o calor,
Sem ti conheceria o meu fim.

Amo-te do fundo do coração,
És a minha estrela polar,
A inspiração para desenhar
Palavras soltas, que juntas gostam de cantar,
Cantar para ti,
Cantar para te encantar.

Amo-te muito

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ad instar


A mulher que se via desperta no fundo do mar, quando acolhida pelo quente ardor da água nos seus pulmões, o homem que viajava só pela noite dentro, a menina que sorria tenuemente para a sua barbie, o menino que, com as mãos nos joelhos, exasperava por um pouco de ar, o velhote, cujo olhar sábio, compreendia perfeitamente o desabrochar da mais bela flor, a velhota que olhava para o espelho e não sentia o peso da idade, mas sim a bênção de uma vida, os namorados que acordavam juntos sob um flamejante pôr do sol, a viagem abria-se diante dos seus olhos, dos seus jovens e inexperientes olhos, os anciãos dialogando e conversando sobre a terra, o vento, o dia, as memórias patentes nos seus olhos, a nostalgia recíproca entre eles, a
saudade de pessoas, a saudade de vontades, a saudade de mundos, a saudade de palavras, a saudade de gestos, gestos intemporais que ecoam pelas vastas planícies do pensamento... O sonho vivo nas mãos octogenárias, é prova que nada é impossível e tudo desfalece, mas cresce, cresce, cresce até não caber dentro de nós e transcender-nos.

Todos somos diferentes, mas existimos, existimos sozinhos, divididos em metades, existimos felizes, à espera de alguém, tristes, com sonhos e sem sonhos, com amor e sem amor, mas todos agimos, todos sentimos a vida ou a morte, a felicidade ou a tristeza, a solidão, todos somos palavras num texto chamado vida.

Todos somos, simplesmente somos, com propósitos diferentes, com faces diferentes, de cores diferentes, mas todos somos, simplesmente somos.

Fotografia de Gary Cornhouse

segunda-feira, 2 de março de 2009

Um dia...


Os Cinco Sentidos

São belas - bem o sei, essas estrelas,
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!

Divina - ai! sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa,
Será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti - a ti!

Respira - n'aura que entre as flores gira,
Celeste - incenso de perfume agreste,
Sei... não sinto: minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti!

Formosos - são os pomos saborosos,
é um mimo - de néctar o racimo;
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos,
é só de ti - de ti!

Macia - deve a relva luzidia
Do leito - ser por certo em que me deito.
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti - em ti!

A ti! ai, a ti só os meus sentidos
Todos num confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte
Será morrer por ti.

[ Almeida Garrett, Folhas caídas ]


Recordo há muitos e muitos anos, quando ainda era uma criança, ter lido este lindo poema e pensado que aquelas palavras que se desenhavam em frente aos meus prematuros olhos eram, de facto, de uma beleza suprema, e que um dia iria escrever algo que conseguisse expressar os meus sentimentos com tanto ênfase e amor quanto Almeida Garret o fez num pedaço de papel.

A verdade é que ainda não atingi tal patamar, mas a vida é longa, os dias sucedem-se, cada vez com menos tempo para me dedicar à escrita, é certo, mas é algo que nunca pararei de tentar alcançar, alcançar palavras em jeito de espelho interior, que me reflictam naturalmente e de uma maneira perfeita, sem interacções, sem distracções mundanas...

Um dia...



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Cidade Deserta


Todas as manhãs, todas as tardes, todos os dias preso no trânsito... rodeado de indignações vocais anónimas vinculadas num profundo descontentamento e num ser, que olhado ao espelho, não existe; é fruto de todo este pérfido lodo.

Toda esta gente impaciente e acima de tudo intolerante co-habita uma estrada demasiado pequena para tantos egos reprimidos. É esta a realidade do "sonho urbano" que tanta gente procura, mesmo que isso signifique viver na miséria.

Apesar disto continuo todas as manhas e todas as tardes a embrenhar-me em tal mundo fantástico, este alberga as mais inverosímeis criaturas que normalmente existem no lado negro da força de cada um. É inevitável tal como é inevitável existirem conflitos no mundo.

Mas quando o Sol se põe, a noite chega e os grilos começam a cantar, tudo muda e parece que se cria um novo crepúsculo, desta vez imaculado.

Sinto-me mais à vontade nesta calma; olho as luzes no alto dos postes contíguos à estrada, os placares ganham vida e saltam cá para fora... uma rua de luz, um caminho fulminante, uma via inalcansável para uns, mas real para outros.

Sons cessam, olhares perduram no tempo, tudo é mais claro, tudo é mais delineado, tudo é mais real, sem desvios e sem preciosidades, tudo é vida pura e dura.

São mundos diferentes; eu, impostor num deles, verdadeiro no outro, contudo efémero em ambos, tento coordenar vontades e concentração.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Trilho


A mente suplica pela gaivota vigilante,
O sonho clama – porquê? porquê tão rude nudez?
A resposta está na alma protestante,
Viaja pelo reino inconsciente com avidez
Vive num mundo, ocupado pelo navio viajante
Que ruma ao sabor dos sentimentos
Feitos, imaginados pelo mais profundo ser.

Não há algodão nos sonhos,
Sonhos compostos por sofrimento
Contido, na parte mais profunda da mente,
Sonhada? Vivida? Nada mais do que um intento,
Tudo não passa de ignorância, que tormento!

O caminho árduo e sombrio, é percorrido,
Um único castelo de dor bloqueia o caminho,
Impávido e sereno, domina os céus,
Terra sombria de cor, marca o trilho pretendido
E ganha vida, vontade...pois sobre o véu
Paira o sonho de voar, agressivo
Ataca a metáfora de pedra dura,
E o castelo desaba, cai por terra, fura
A ignorância do ser lascivo.

Continua, confiante, o sonho fugidio,
Passos curtos e pesados ecoam,
Quatro budas voam levemente
Guiam-no, inseguro e renascido
Pela estrada da eterna iluminação,
Para libertar a sua mente
Prisioneira dos pesadelos, em vão.

É uma viagem solitária,
Uma jornada do ser interior,
Vive um período de intenso rigor
Pois a vida não espera,
Vem! Clama o sonhador,
Morte – para uns, eterna causa de dor,
Para outros, derradeira libertação do senhor.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Amor Aeternus

Predispus-me hoje a falar de um assunto, ou melhor de um sentimento disfarçado de vida, ou se quisermos até, de uma vida disfarçada de sentimento. Uma força que nos impele a fazer coisas que nunca pensámos fazer, uma viagem que nos leva a quebrar leis e vontades adquiridas ao longo de todo o processo de privação de tal rejubilo.

Desconfio que a designação de tal substantivo abstracto, às vezes concreto e outras até pessoal, já é conhecida por todos vós; refiro-me, portanto, ao amor!

Analisando as letras que fazem parte desta simples e complexa palavra, constato que esta possui 2 consoantes e 2 vogais, um paralelismo com os sexos feminino e masculino, cujas personalidades visitam cada som vinílico do a-m-o-r de uma forma terminantemente diferente. Será esta assumpção correcta ou é apenas uma coincidência inusitada?

Vou descortinando alguns significados pendentes dos sons apocalípticos que me chegam; sim, porque no amor não há fronteira, não há caminho certo nem errado, mas certamente existe um campo de batalha, no qual somos atacados e abençoados de todas as frentes.

O amor é uma fortaleza paradoxal, que se construído em pilares de areia ao menor obstáculo desmorona. É realmente confuso, este sentimento capaz da escuridão e da luz num segundo apenas. Contudo não devemos teme-lo... é a coisa mais bela da nossa pequena existência!

É um estado de espírito que implica uma panóplia extraordinária de sentimentos, sentimentos capazes de nos catapultarem para o céu ou de nos impingirem uma gravidade avassaladora.

Amar é ter ânsia de rever a outra pessoa, o sentimento de falta que nos persegue e nos come por dentro, apenas e só pela vontade insuperável que é ver a nossa cara metade; é saber que a nossa alma gémea é a nossa melhor metade, fazendo-nos pessoas melhores a cada momento passado, a cada beijo tomado; é ser louco, é amar a um ponto de loucura não obsessiva, é viajar no pensamento com a necessidade de um abraço; é ser compreensivo, paciente e carinhoso, pois sem eles não haverá amor, existirá apenas fogo de paixão, essencial ao amor, mas este desprezável à paixão; é ter saudade sempre, há palavra mais bela que saudade? Tão forte, tão real e ao mesmo tempo inverosímil... Amar, mas verdadeiramente amar é ter a certeza que esta vida não chega para satisfazer o desejo de partilha, de união e companheirismo...

Viajando pelo mundo abstracto, e como romântico que sou, tendo a ter uma visão muito particular dos pequenos pormenores, que nem sempre me levam por bons caminhos e por boas interpretações, mas que fazem inevitavelmente parte de mim (organismo vivo) e de umas quantas luzes cerebrais muito próprias.

Empurrado por algumas sinapses cantantes, eis que dou por mim entoando, tal tritão errante, uma frase solta que resume, de uma forma notável o meu sentimento sobre todo este assunto chamado amor:

"The greatest thing you'll ever learn is just to love and be loved in return!"

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Menino Insolente


Quem é o menino insolente
Que percorre o tempo e espaço,
Gesto singelo e inocente,
Sentimento impossível, devasso.

Deambula pelo rosto da água,
Contemplando as partículas dos seres,
Sorriso indefinido, despido de mágoa,
Basta sonhar para viveres.

Aquela atitude sincera
Desperta sorrisos,
Voluptuosa criatura
Repelente de juízos.

Os anos irão certamente
Penetrar no seu ser,
Irão abrandá-lo lentamente
Sem pensar em sofrer,
Obrigação cumprida objectivamente.

Os sorrisos apagar-se-ão,
Os membros agitar-se-ão fervorosamente
Em movimentos frenéticos, sem aparente razão,
Embora a razão seja uma somente,
Ele, o menino insolente.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Devaneios Outonais


Porquê?

Porquê este sentimento que me acelera o coração, que me faz sentir cada músculo do corpo isolado… que sentimento é este que me queima o espírito, desfaz tudo o que construí?

Porquê? Tem tudo que ser assim?

Eu quero apenas sonhar, quero apenas viver feliz, então porque me atormentas desta maneira?

Porque me dizes para me abrir contigo, se cada vez que o faço provoco uma tempestade?

Porquê? Será que apenas queres ouvir o que compreendes? Será que apenas queres compreender a tua realidade e abstrair-te das minhas preocupações?

Não sou eu o teu melhor amigo?

Não posso eu contar-te tudo?

Não posso eu confessar-te tudo?

Porque preciso de medir as palavras para falar com a minha alma gémea? Não és tu a minha alma gémea? Eu tenho a certeza que sim…

Falo pois quero aperfeiçoar-me, quero aperfeiçoar-nos... nada é perfeito e é, no mínimo, irresponsável assumir que a nossa vida, o nosso amor não tem problemas… Ele enfrenta desafios, obstáculos a ultrapassar, tal como os salmões que sobem rio acima, calmamente, até alcançarem o lugar divino…

Será um tabu, falar contigo sobre certos assuntos? Serás um mapa invisível? Mas se és porque não te mostras completamente a mim?

Não confias em mim?

O meu coração não está sempre contigo? Não estou sempre lá quando precisas?

Serei indesejado quando não precisas? Começo a pensar que sim…

Começo a ter medo que seja verdade… não sou alma para ser deixado, para ser confinado a um plano inferior…

Quero viver a vida sem medo, sem receio que tudo desmorone, não posso ter esse fantasma sobre mim…

Quero apenas ser amado, quero pensar que vivo um sonho, o meu sonho, e nunca acordar dele…

Porquê?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Para Sempre


Sentada na orla da floresta, ela observava as criaturas saciando a sua sede no belo lago à sua frente, o mesmo lago que ela amaldiçoava para sempre, por lhe ter levado aquele que amava, tão levianamente que dói só de pensar.

Memórias de tempos idos acorrem aos seus olhos, relembra o toque da sua mão, forte e suave, aquela que lhe dava uma sensação de segurança inabalável. Ele era o seu anjo da guarda, protegia-a de tudo, sentia tanto a sua falta…

Sempre enfrentou a vida com um sorriso, mas as forças abandonavam-na, as mesmas forças que conseguiram conquistá-lo, que sempre foram tão fiáveis como a sua caneta da sorte, estavam a desaparecer. A vida que lhe restava pendia no gume duma navalha, equilibrada, mas agora diante daquele cenário principesco, o qual tinha partilhado inúmeras vezes com o seu príncipe, via o quanto estava errada. Clamava silenciosamente que aquilo era um sonho e que iria terminar, mas o vento que lhe batia na face dizia-lhe o contrário, chamava-a para a realidade, quebrando a corrente.

A sua vida não voltaria a ser o que era, não voltaria a ser feliz…
Ele era a sua luz, era ele e apenas ele que a fazia sorrir, como mais ninguém no mundo conseguia, o seu amor aquecia-lhe o corpo, os músculos contraíam-se de tanto desejo que nutria por ele.

O seu ser interior gritava, mas nada a animava, a sua essência tinha desaparecido; sinapses de uma morte há muito antecipada, vontades de um corpo putrefacto; foi nisto que ela se tornou.

Um invólucro vazio de vontade, que anda e se alimenta mas que perdeu o brilho nos olhos para sempre. A sua vida foi-lhe arrancada por onde mais doía: pelo coração.

Nesta manhã de primavera onde a vida brota em cada centímetro de terra à sua volta, o sonho por fim desapareceu e levou a vontade de lutar; esta na hora abandonar a cápsula, está na hora de abraçá-lo, de voltar a sorrir…

Está na hora de voltar a amar…

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Alter ego


Certo dia dei por mim imerso nos meus pensamentos, sem prestar atenção a nada, com o olhar fixo no horizonte sem fim, pedindo alguma sabedoria a Deus e alguma da Sua absoluta clarividência para que me ajudasse a ver o caminho certo.

Foi então que uma luz clareou o meu pensamento e atingi - tal epifania - o cerne da questão, tão simples e ao mesmo tempo tão complexa, com a qual me tenho debatido desde há muito tempo atrás e que frivolamente tento evitar.

Finalmente percebi o significado de tudo o que as pessoas que me amam me têm tentado transmitir, vezes e vezes sem conta sem descanso, sempre a meu lado a zelar por mim.

Tive coragem de enfrentar o problema de frente e de indagar o porquê de tanto desinteresse da minha parte, de tanta leviandade, de tanta incerteza...

Confesso que me senti perdido, muito absorto no sentido emocional, perdido na viagem da vida, desnorteando todos aqueles que teimavam em seguir o caminho ao meu lado. A eles agradeço, do fundo do coração, por nunca me terem deixado sozinho, por nunca pensarem em mim como uma causa perdida, uma flor efémera...

Posso de uma vez por todas dizer que "ganhei juízo", adquiri uma nova filosofia de vida, a qual tem espaço para tudo, mas onde existem prioridades, as quais estão agora, liminarmente definidas.

Abro portanto um novo capítulo na minha vida, onde tudo está no seu lugar próprio, as pessoas mais importantes do mundo estão ao meu lado e irei fazer tudo para não as decepcionar novamente.

Foi o amor dessas pessoas que me manteve no trilho da vida, cujo pavimento será repartido com elas sempre!

Obrigado!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Perseverantia


E porque a vida não é só feita de reflexões, nostalgia e melancolia, trago-vos um caso de derradeira vontade, que nos demonstra que com convicção e perseverança conseguimos atingir todos os objectivos - desde os mais ínfimos até aos "sonhos utópicos" - a que nos propomos.

Esta é a história de um homem, um cidadão inglês, que em 1983 decide comprar um jogo chamado Cubo de Rubik, um quebra-cabeça tridimensional, cujo objectivo é que cada face do mesmo seja composta apenas e só por uma cor, e se lança na aventura da sua resolução, de uma maneira tão apaixonada, que qualquer pessoa que perscrutasse a sua vida consideraria louca e despropositada.

(fonte imagem: Daily Mail)

Passados 26 anos e mais de 27.400 horas após o início da sua viagem, posso dizer que este senhor conseguiu atingir o seu objectivo. Foi capaz de resolver o Cubo de Rubik com sucesso e, com isso, sentir uma sensação de realização incomparável.

Esta pequena história serve apenas para enfatizar que se lutarmos, com perseverança, coragem, vontade e garra, conseguiremos, sem dúvida alguma, atingir aquilo que queremos e mais desejamos.

O segredo está dentro de cada um de nós!

Lágrimas


Momento sublime
Grato de viver...

Cabo das tormentas, mar avassalador
Semente de Kronos, horrível fim,
Vida porque és assim?
Sedente de sangue e pudor.

Momento de terror
Vontade de morrer...

Viagem palpitante no átrio do Inferno
Coração rebarbado pelas chagas
Gesto vigorosamente terno
Anteriormente fadas,
Agora ferro.

Momento de horror
Lágrimas de sofrer...

(Bruce Rainha, 10/09/2007)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Contemplação Mental


Este é um daqueles dias em que o vento que nos bate na cara é o nosso único amigo, é o único que nos compreende na perfeição...

Por vezes é necessário recolhermo-nos a um lugar só nosso, mesmo que este seja apenas uma rocha descansando numa praia deserta de gente, mas lotada de sentimentos e frustrações.

Porquê? É uma pergunta legítima... Contudo não tem uma resposta única nem certa, mas varia de ser para ser, de boca para boca, de olhar para olhar... tem mil e uma palavras e no entanto não tem nenhuma, é vazia de conteúdo.

Hoje não há cor, não há limites nem fronteiras, não há verdade nem mentira... existe sim silêncio, meditação e pensamento, pois sem eles não é possível melhorar o nosso interior.

Vozes ecoam nos vales da nossa mente, clamam por atenção, por resolução e compreensão. Todos os grandes assuntos exigem que durmamos sobre eles, assim como nós precisamos de dormir sobre nós próprios.

É pensar no mundo, pensar em nós, pensar nos outros... tudo converge para um único ponto nos nossos olhos, os quais a determinada altura cegam de frio, de dor, de sol e de amor e precisam de descansar; descansar do mundo... para que a vida volte a florescer mais forte do que nunca...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Exordium


Vivências puras e duras, será este o tema deste papel para reflexão interior com uma pitada de maravilhas do mundo.

Desde os mais insignificantes pormenores até às grandes odisseias da vida, através de palavras desenhadas num mar de pixeis, onde nada precisa de existir para ser realidade e tudo se encaixa na perfeição com as sinapses do pensador, criando um mundo de harmonia entre a ordem e o absoluto caos.


Espero que seja uma experiência nova e enriquecedora para este invólucro cheio de adrenalina, que tenta a sua sorte na realidade paralela.