sexta-feira, 27 de março de 2009

Coração Uno


É por existirem dias como os de ontem, que me levanto de manhã, conduzo até à faculdade e me lanço nas caóticas palestras sobre químicas, desde orgânica a analítica e passando pelas física (um dia destes desenvolverei este assunto); é por saber que quando o pôr do sol chegar, estarei diante de ti, contemplando os raios da tua beleza.

Ontem foi um dia sincero, com muito ternura, com muita cumplicidade e muito amor, tudo numa única viagem de automóvel...

O dia lá fora está claro e fluorescente de vida, tal como eu, repleto de lembranças ternurentas e sentimentos verdadeiros!

Tal como duas gotas de água aprisionam duas flores que se completam, os nossos corações guardam o sonho de uma sublimação eternamente una.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Pode um Homem mudar o seu destino?



Um Homem faz o que pode até que o seu destino lhe seja revelado.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Amor Azul

Venho aqui, a este lugar
Que acolheu a minha infância
Onde aprendi a amar,
Onde o sonho foi real,
Honrar o passado
Ido mas nunca esquecido.

Lembro-me do sorriso do céu,
Azul, aquele céu azul
Que me tomava nos braços;
Que me tomava nos braços
E me enchia de calor.

Este céu não é mais azul,
Neste lugar, cheio de memórias
Onde o mundo foi perfeito
Restam apenas histórias,
E um amor,
Um amor perpétuo…

Saudades povoam o meu coração
Saudades da vida que passou,
Resta-me a memória do céu
Resta-me pensar que o amor
Nunca morreu…


Perder alguém é doloroso, doloroso demais, resta-me apenas recordar os bons momentos que passamos juntos, os sorrisos, até as discussões, pois tudo isto faz parte de uma vida passada, mas que continua presente no meu coração, onde consigo desenhar o seu gesto e tocar na sua alma...
As saudades apertam sempre que visito este lugar, mas gosto de o fazer para te manter comigo, para não perder um único traço que seja da tua personalidade, não quero arriscar esquece-lo.
Sei que me ouves e que estás a zelar por mim e isso deixa-me descansado por saber que estás numa planície verdejante até ao horizonte, onde a beleza impera e a felicidade abunda.
Não te encontrarei pois nunca te perdi, mas vovô, um dia, ver-te-ei de novo, sinto-o.
Um dia...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Terror


A fria madrugada ocupava o meu quarto,
Deitado na poltrona, um medo abate-se sobre mim,
Subitamente um andar, seco e pesado,
Ecoa no meu estrado,
Disse: Quem ousa perturbar o meu descanso?
Um bater leve na porta do meu quarto
Despertou o meu olhar e fez-me imaginar
No que deveria dizer, fazer,
Para poder enfrentar este terror elementar.

Outro bater, desta vez forte e poderoso,
Um terror cresce no meu retrato
Antagónico horror vigoroso,
Leva-me a murmurar: Quem está à porta do meu quarto?
Caro senhor desculpe o atraso,
Mas estava a viajar pelo imaginário.

Como um felino caminho em direcção à porta
Receosamente abro-a e vejo que não há ninguém,
Aliviado volto para o calor do meu quarto
E descanso como nunca desde o parto.

Fico assim, singular e perdido,
Na solidão eterna do meu quarto,
Não posso viver sorrindo,
Apenas posso morrer chorando.

Baseado no poema Raven de Edgar Alan Poe.

domingo, 15 de março de 2009

Poeta Trovador


Algo nele clama por saber,

Versos ecoam na sua mente

Sedenta de poder,

Controlam-no inexplicavelmente

Sem pudor, sem querer

Ele morre, aos poucos, ardentemente.


A sua jornada, do poeta trovador,

Começa no desconhecido,

Nos confins do mundo,

Veleja pela terra sem ter partido

Sem ter ainda embatido no fundo.


Um poço escuro, vazio,

Abraça-o com mil braços,

Torna-o subtil e veemente sombrio,

Indistinto fica a seu traço

Sob o nevoeiro frio.


À mercê dos gigantes que o envolvem

Tenta subir o degrau,

Elevar a sua vida e sonhar,

Escrever palavras belas no olhar,

Conseguir, através dos olhos falar.


A luz jaz no fundo,

Habita o mais recôndito recanto,

Escuridão que no seu pranto,

Cresce da superfície para o ser profundo.


Põe os teus braços à sua volta

Salva-me! Diz ele,

Acabai com a sua revolta

Deixai a paz habitar nele.


Ele clama, o poeta trovador,

Partículas ardentes de matéria

Inundai o seu coração,

Acabai com a sua dor

Renovai o oxigénio na sua artéria

Encarai o sonho com ardor.


O sonho do poeta trovador...


Pintura: Karoly Kisfaludy

sábado, 14 de março de 2009

Joyeux Anniversaire!


Hoje é o dia de uma pessoa muito especial na minha vida, a ela devo tudo o que sou e por ela qualquer gesto que tenha é pequeno...
Por isso a ti, Mamã, obrigado por existires!

Parabéns!


Deixo-te um pequeno poema, são apenas palavras, mas são o espelho da minha alma:

Sou feliz por te ter comigo,
Sou feliz por fazer parte do teu mundo,
Divina e atenciosa mamã
Penso em ti a cada segundo.

Diante desta paisagem
A vida é bela,
O sonho é real,
Por ti a natureza ganha vida e canta,
Canta para me acompanhar
Na melodia surreal,
Nas palavras de amar.

És tudo, tudo para mim,
Sem ti o céu perde a cor,
Sem ti o Sol perde o calor,
Sem ti conheceria o meu fim.

Amo-te do fundo do coração,
És a minha estrela polar,
A inspiração para desenhar
Palavras soltas, que juntas gostam de cantar,
Cantar para ti,
Cantar para te encantar.

Amo-te muito

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ad instar


A mulher que se via desperta no fundo do mar, quando acolhida pelo quente ardor da água nos seus pulmões, o homem que viajava só pela noite dentro, a menina que sorria tenuemente para a sua barbie, o menino que, com as mãos nos joelhos, exasperava por um pouco de ar, o velhote, cujo olhar sábio, compreendia perfeitamente o desabrochar da mais bela flor, a velhota que olhava para o espelho e não sentia o peso da idade, mas sim a bênção de uma vida, os namorados que acordavam juntos sob um flamejante pôr do sol, a viagem abria-se diante dos seus olhos, dos seus jovens e inexperientes olhos, os anciãos dialogando e conversando sobre a terra, o vento, o dia, as memórias patentes nos seus olhos, a nostalgia recíproca entre eles, a
saudade de pessoas, a saudade de vontades, a saudade de mundos, a saudade de palavras, a saudade de gestos, gestos intemporais que ecoam pelas vastas planícies do pensamento... O sonho vivo nas mãos octogenárias, é prova que nada é impossível e tudo desfalece, mas cresce, cresce, cresce até não caber dentro de nós e transcender-nos.

Todos somos diferentes, mas existimos, existimos sozinhos, divididos em metades, existimos felizes, à espera de alguém, tristes, com sonhos e sem sonhos, com amor e sem amor, mas todos agimos, todos sentimos a vida ou a morte, a felicidade ou a tristeza, a solidão, todos somos palavras num texto chamado vida.

Todos somos, simplesmente somos, com propósitos diferentes, com faces diferentes, de cores diferentes, mas todos somos, simplesmente somos.

Fotografia de Gary Cornhouse

segunda-feira, 2 de março de 2009

Um dia...


Os Cinco Sentidos

São belas - bem o sei, essas estrelas,
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!

Divina - ai! sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa,
Será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti - a ti!

Respira - n'aura que entre as flores gira,
Celeste - incenso de perfume agreste,
Sei... não sinto: minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti!

Formosos - são os pomos saborosos,
é um mimo - de néctar o racimo;
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos,
é só de ti - de ti!

Macia - deve a relva luzidia
Do leito - ser por certo em que me deito.
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti - em ti!

A ti! ai, a ti só os meus sentidos
Todos num confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte
Será morrer por ti.

[ Almeida Garrett, Folhas caídas ]


Recordo há muitos e muitos anos, quando ainda era uma criança, ter lido este lindo poema e pensado que aquelas palavras que se desenhavam em frente aos meus prematuros olhos eram, de facto, de uma beleza suprema, e que um dia iria escrever algo que conseguisse expressar os meus sentimentos com tanto ênfase e amor quanto Almeida Garret o fez num pedaço de papel.

A verdade é que ainda não atingi tal patamar, mas a vida é longa, os dias sucedem-se, cada vez com menos tempo para me dedicar à escrita, é certo, mas é algo que nunca pararei de tentar alcançar, alcançar palavras em jeito de espelho interior, que me reflictam naturalmente e de uma maneira perfeita, sem interacções, sem distracções mundanas...

Um dia...