terça-feira, 5 de outubro de 2010

Devaneios II

É curioso como certos momentos parecem estacas na nossa vida, como marcam a sua passagem e delineiam dois períodos na nossa existência. Sabemos a partir do instante em que sentimos uma brisa, a brisa da mudança, que esse momento passou e nos definiu o carácter como poucas outras coisas o fazem, e é nessa ínfima fracção de tempo, que conseguimos perceber tudo aquilo que somos e principalmente tudo aquilo que queremos ser. Não são as longas experiências por que passamos que nos moldam, mas antes a nossa atitude perante epifanias trazidas pelo destino, que vêm e se desvanecem, como uma miragem, mas que sabemos, no íntimo, serem verosimis.

São essas verdades, esses desafios que de repente, encontramos e sobre os quais não temos controlo, que se transformam em catapultas do ser, da evolução ou da estagnação. Resta decidir qual é o caminho que pretendemos tomar rumo aos objectivos que temos, sejam eles ou não aprovados messianicamente pela sociedade pungente e que, sem prestarmos atenção, nos envolve e engole sem piedade.


Rascunho escrito no início do presente ano. É interessante ler o que fui escrevendo e ver a panóplia de sentimentos esculpidos nas palavras, ver os que foram desaparecendo, mas também aqueles que inexoravelmente fazem parte de mim.





1 comentário:

Teresa Santos disse...

Olá Bruce,

Não é só interessante revisitares o que sentiste num determinado momento/período e que foste transformando em palavras.
Mais interessante, mais pertinente, mais enriquecedor, é esse caminho percorrido, caminho que te conduziu a essa tomada de consciência do que és, do que queres para a tua vida, é esse corte com amarrras que a sociedade NÃO tem que te impor, é (quero acreditar nisso) teres percebido de que nada, ninguém, seja o que for, tem o direito de te cortar as asas. Não deixes de voar, nunca.
Beijinho.
P.S. E que venha o próximo Devaneio.