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Toda esta gente impaciente e acima de tudo intolerante co-habita uma estrada demasiado pequena para tantos egos reprimidos. É esta a realidade do "sonho urbano" que tanta gente procura, mesmo que isso signifique viver na miséria.
Apesar disto continuo todas as manhas e todas as tardes a embrenhar-me em tal mundo fantástico, este alberga as mais inverosímeis criaturas que normalmente existem no lado negro da força de cada um. É inevitável tal como é inevitável existirem conflitos no mundo.
Mas quando o Sol se põe, a noite chega e os grilos começam a cantar, tudo muda e parece que se cria um novo crepúsculo, desta vez imaculado.
Sinto-me mais à vontade nesta calma; olho as luzes no alto dos postes contíguos à estrada, os placares ganham vida e saltam cá para fora... uma rua de luz, um caminho fulminante, uma via inalcansável para uns, mas real para outros.
Sons cessam, olhares perduram no tempo, tudo é mais claro, tudo é mais delineado, tudo é mais real, sem desvios e sem preciosidades, tudo é vida pura e dura.
São mundos diferentes; eu, impostor num deles, verdadeiro no outro, contudo efémero em ambos, tento coordenar vontades e concentração.