A verdade é cruel e a vida certamente não lhe fica atrás na sodomia, mas então qual o meu papel aqui? Ser apenas uma sombra daquilo que, em tempos, fui? Espero que não... desejo que não.
Escrevi palavras enormes para dizer o que me ia na alma e mesmo assim ela não apareceu, ficou escondida dentro de mim murmurando vontades ociosas, guardando sentimentos que percorriam o corredor há eras e que não iriam sair assim tão facilmente. E não saíram, pois eu permiti que ficassem, aliás eu desejei que continuassem a habitar em mim, para que aquela beleza que era o amor, permanecesse e, nem que fosse apenas uma amostra, sonhava saborear a réstea daquilo que senti.
Efectivamente guardei e percebi a veracidade de todo o meu passado, de toda a minha personalidade e das consequências que tiveram.
E aí percebi que tudo aquilo em que acreditava, tudo aquilo que pensava, estava errado mas a força de tal erro era tanta que me fez continuar num conto de fadas interrompido, quiçá para sempre.
E assim, viajando neste campo infinito a que chamam alma, fui rejuvenescendo, cicatrizando, por entre patadas e murros indefinidos, incógnitos, auto-infligidos, aquilo que sempre fui, não pelas razões erradas, mas por mim, apenas e só por mim; sem muletas morais, sem encantamentos formais de natureza irrealista, mas por mim... e para mim, apenas para mim.
"Maybe I love youMaybe I just love the sound"
Tinha aqui este rascunho, ao lado de muitos outros abandonados mas não esquecidos, testemunhos vivos de épocas da minha vida, de sentimentos contraditórios, de sorrisos solitários, de choros libertadores, de viagens paradisíacas, de absinto derramado, de alucinações devastadoras, de... de... de mil e uma coisas que marcam a minha existência.