sexta-feira, 31 de julho de 2009

Crónicas I

Sob aquele céu cor de sangue ela sentia a pele quebrar, arder num calor abrasador que teimava em impor a sua vontade a todos que se aventurassem dentro do seu raio de acção, olhando para todos os lados questionava-se onde estava e qual a razão de tamanha paisagem infernal, mas não obtinha resposta.
Fosse por malvadez do destino ou por infeliz coincidência, o certo é que ela se encontrava ali, prostrada aos pés do césar do planeta que a torturava sem dó nem piedade. Estava só num mundo de colossos...
Confrontou a fonte daquela escravidão de frente, apenas para afirmar que não sairia dali vencida, pelo menos não sem lutar, não sem gritar que queria viver, contudo mais tarde viria a perceber o quão inconsequente tinha sido este pensamento.
Num mar de areia sentia-se afundar cada vez mais, ouvia no seu íntimo o desespero que a assolava. Não sabia porque estava ali, tentava lembrar-se do que tinha acontecido, mas tudo não passava de uma tela em branco.
Decidiu então tentar afastar-se daquele inimigo e caminhando em direcção contrária, absorta nos seus mais profundos pensamentos, até que, de repente, viu uma figura junto de uma rocha à altura do horizonte. Estarrecida, tentou identificar aquela figura mas esta estava longe demais, por isso correu e correu até que, perdida na sua respiração, ouviu um barulho gorgolejante, tal sibilar de serpente, muito próximo de si; estacou diante de uma forma que nunca tinha visto e que provocou imediatamente um temor de morte. Não sabia o que fazer, as pernas não lhe obedeciam, o seu olhar emanava medo e aquele ser percebeu-o, focou aquele olhar mortificante na mulher indefesa e avançou determinado, rumo ao que assumia ser uma refeição fácil.

2 comentários:

Danielle Freitas disse...

Nem malvadeza, nem coincidência, a vida é sábia e por ter pensamentos inconsequentes ela foi conduzida ao seu predador.
Gostei do seu espaço!

Até mais!

Xuxy disse...

Gostei de ler =o). Ficarei a espera das próximas cronicas!

Bjs**