sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Para Sempre


Sentada na orla da floresta, ela observava as criaturas saciando a sua sede no belo lago à sua frente, o mesmo lago que ela amaldiçoava para sempre, por lhe ter levado aquele que amava, tão levianamente que dói só de pensar.

Memórias de tempos idos acorrem aos seus olhos, relembra o toque da sua mão, forte e suave, aquela que lhe dava uma sensação de segurança inabalável. Ele era o seu anjo da guarda, protegia-a de tudo, sentia tanto a sua falta…

Sempre enfrentou a vida com um sorriso, mas as forças abandonavam-na, as mesmas forças que conseguiram conquistá-lo, que sempre foram tão fiáveis como a sua caneta da sorte, estavam a desaparecer. A vida que lhe restava pendia no gume duma navalha, equilibrada, mas agora diante daquele cenário principesco, o qual tinha partilhado inúmeras vezes com o seu príncipe, via o quanto estava errada. Clamava silenciosamente que aquilo era um sonho e que iria terminar, mas o vento que lhe batia na face dizia-lhe o contrário, chamava-a para a realidade, quebrando a corrente.

A sua vida não voltaria a ser o que era, não voltaria a ser feliz…
Ele era a sua luz, era ele e apenas ele que a fazia sorrir, como mais ninguém no mundo conseguia, o seu amor aquecia-lhe o corpo, os músculos contraíam-se de tanto desejo que nutria por ele.

O seu ser interior gritava, mas nada a animava, a sua essência tinha desaparecido; sinapses de uma morte há muito antecipada, vontades de um corpo putrefacto; foi nisto que ela se tornou.

Um invólucro vazio de vontade, que anda e se alimenta mas que perdeu o brilho nos olhos para sempre. A sua vida foi-lhe arrancada por onde mais doía: pelo coração.

Nesta manhã de primavera onde a vida brota em cada centímetro de terra à sua volta, o sonho por fim desapareceu e levou a vontade de lutar; esta na hora abandonar a cápsula, está na hora de abraçá-lo, de voltar a sorrir…

Está na hora de voltar a amar…

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Alter ego


Certo dia dei por mim imerso nos meus pensamentos, sem prestar atenção a nada, com o olhar fixo no horizonte sem fim, pedindo alguma sabedoria a Deus e alguma da Sua absoluta clarividência para que me ajudasse a ver o caminho certo.

Foi então que uma luz clareou o meu pensamento e atingi - tal epifania - o cerne da questão, tão simples e ao mesmo tempo tão complexa, com a qual me tenho debatido desde há muito tempo atrás e que frivolamente tento evitar.

Finalmente percebi o significado de tudo o que as pessoas que me amam me têm tentado transmitir, vezes e vezes sem conta sem descanso, sempre a meu lado a zelar por mim.

Tive coragem de enfrentar o problema de frente e de indagar o porquê de tanto desinteresse da minha parte, de tanta leviandade, de tanta incerteza...

Confesso que me senti perdido, muito absorto no sentido emocional, perdido na viagem da vida, desnorteando todos aqueles que teimavam em seguir o caminho ao meu lado. A eles agradeço, do fundo do coração, por nunca me terem deixado sozinho, por nunca pensarem em mim como uma causa perdida, uma flor efémera...

Posso de uma vez por todas dizer que "ganhei juízo", adquiri uma nova filosofia de vida, a qual tem espaço para tudo, mas onde existem prioridades, as quais estão agora, liminarmente definidas.

Abro portanto um novo capítulo na minha vida, onde tudo está no seu lugar próprio, as pessoas mais importantes do mundo estão ao meu lado e irei fazer tudo para não as decepcionar novamente.

Foi o amor dessas pessoas que me manteve no trilho da vida, cujo pavimento será repartido com elas sempre!

Obrigado!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Perseverantia


E porque a vida não é só feita de reflexões, nostalgia e melancolia, trago-vos um caso de derradeira vontade, que nos demonstra que com convicção e perseverança conseguimos atingir todos os objectivos - desde os mais ínfimos até aos "sonhos utópicos" - a que nos propomos.

Esta é a história de um homem, um cidadão inglês, que em 1983 decide comprar um jogo chamado Cubo de Rubik, um quebra-cabeça tridimensional, cujo objectivo é que cada face do mesmo seja composta apenas e só por uma cor, e se lança na aventura da sua resolução, de uma maneira tão apaixonada, que qualquer pessoa que perscrutasse a sua vida consideraria louca e despropositada.

(fonte imagem: Daily Mail)

Passados 26 anos e mais de 27.400 horas após o início da sua viagem, posso dizer que este senhor conseguiu atingir o seu objectivo. Foi capaz de resolver o Cubo de Rubik com sucesso e, com isso, sentir uma sensação de realização incomparável.

Esta pequena história serve apenas para enfatizar que se lutarmos, com perseverança, coragem, vontade e garra, conseguiremos, sem dúvida alguma, atingir aquilo que queremos e mais desejamos.

O segredo está dentro de cada um de nós!

Lágrimas


Momento sublime
Grato de viver...

Cabo das tormentas, mar avassalador
Semente de Kronos, horrível fim,
Vida porque és assim?
Sedente de sangue e pudor.

Momento de terror
Vontade de morrer...

Viagem palpitante no átrio do Inferno
Coração rebarbado pelas chagas
Gesto vigorosamente terno
Anteriormente fadas,
Agora ferro.

Momento de horror
Lágrimas de sofrer...

(Bruce Rainha, 10/09/2007)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Contemplação Mental


Este é um daqueles dias em que o vento que nos bate na cara é o nosso único amigo, é o único que nos compreende na perfeição...

Por vezes é necessário recolhermo-nos a um lugar só nosso, mesmo que este seja apenas uma rocha descansando numa praia deserta de gente, mas lotada de sentimentos e frustrações.

Porquê? É uma pergunta legítima... Contudo não tem uma resposta única nem certa, mas varia de ser para ser, de boca para boca, de olhar para olhar... tem mil e uma palavras e no entanto não tem nenhuma, é vazia de conteúdo.

Hoje não há cor, não há limites nem fronteiras, não há verdade nem mentira... existe sim silêncio, meditação e pensamento, pois sem eles não é possível melhorar o nosso interior.

Vozes ecoam nos vales da nossa mente, clamam por atenção, por resolução e compreensão. Todos os grandes assuntos exigem que durmamos sobre eles, assim como nós precisamos de dormir sobre nós próprios.

É pensar no mundo, pensar em nós, pensar nos outros... tudo converge para um único ponto nos nossos olhos, os quais a determinada altura cegam de frio, de dor, de sol e de amor e precisam de descansar; descansar do mundo... para que a vida volte a florescer mais forte do que nunca...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Exordium


Vivências puras e duras, será este o tema deste papel para reflexão interior com uma pitada de maravilhas do mundo.

Desde os mais insignificantes pormenores até às grandes odisseias da vida, através de palavras desenhadas num mar de pixeis, onde nada precisa de existir para ser realidade e tudo se encaixa na perfeição com as sinapses do pensador, criando um mundo de harmonia entre a ordem e o absoluto caos.


Espero que seja uma experiência nova e enriquecedora para este invólucro cheio de adrenalina, que tenta a sua sorte na realidade paralela.